RESENHA
MARINHO, M. Escrita nas
práticas de letramento acadêmico. V SIGET – Simpósio Internacional de Estudos de Gêneros
Textuais. Caxias do Sul-RS: 2009.
GRANDO, K. B. O
letramento a partir de uma perspectiva teórica: origem do termo,
conceituação e relações com a escolarização. IX ANPED – Seminário de Pesquisa
em Educação da Região Sul: 2012.
O primeiro artigo citado acima foi
redigido por Marildes Marinho, Graduada em
Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (1978), mestre em Educação
pela Universidade Federal de Minas Gerais (1991), doutora em Linguística pela
Universidade Estadual de Campinas (2001). O
segundo artigo mencionado acima foi escrito por Katlen
Böhm Grando, Doutoranda em Educação pela
Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, mestre em Educação pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS (2011), especialista em
Neurociências e Educação - ISEI (2014), graduada em Pedagogia pela Universidade
do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (2009). Marildes Marinho redigiu o artigo: Escrita nas
práticas de letramento acadêmico, Katlen
Böhm Grando redigiu o artigo: O letramento a partir de uma perspectiva
teórica: origem do termo,
conceituação e relações com a escolarização.
Marinho critica a forma que é
conduzida os trabalhos de ensino-aprendizagem no Brasil, em relação a escrita.
Segundo ela, é dada maior atenção para o ensino básico, enquanto o ensino
acadêmico é deixado um pouco de lado. Grando destaca que é preciso a
compreensão dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, no que diz
respeito ao letramento. Percebe-se um entendimento entre as autoras. Quando
valoriza-se o meio acadêmico em relação ao ensino-aprendizagem, pode-se formar
professores com um vasto conhecimento. Dessa forma, o Ensino Fundamental terá
professores apropriados para conduzir com clareza o aprendizado adquirido.
A boa leitura e a estruturação de
textos dependem da forma que é conduzida o ensino-aprendizagem. O alicerce do
aprendizado está no ensino básico, no qual os alunos deveriam sair com o básico
para exercer a função acadêmica como graduando. Aqui, um grande problema em
relação a leitura e a estruturação de textos. No dizer de Marinho, os próprios
alunos enxergam o problema em relação a leitura e a escrita no meio acadêmico. Devido
a isto, a autora propõe trabalhos de pesquisas para clarear as dúvidas, para
haver o melhoramento do ensino-aprendizagem. Nesse mesmo contexto, Grando
recomenda que o docente em formação deverá compreender “as bases teóricas do
conceito de letramento”. Para isso, um
trabalho de pesquisa vai ajudar bastante. O trabalho de pesquisa procura dar
entendimento, dar inteligibilidade na sua formação. Mas, é preciso trabalhar na
prática as teorias pesquisadas. A prática dará sentido a teoria.
É preciso compreender o termo
letramento para poder trabalhar algumas modalidades de ensino. Segundo Grando,
o termo letramento surgiu na necessidade de alfabetização durante a década de
80 do século passado. O tempo passou, o ensino foi deixando determinadas coisas
de lado, a escrita cada vez mais piorando. Devido a isso, o meio acadêmico foi
perdendo as estruturas para a formação de docentes na área em questão. Procurando
uma resposta, Marinho argumenta que a contextualização da temática em relação a
escrita acadêmica, a pesquisa em relação a escrita no desempenho da sua
profissão como docente levando em conta a etnografia, poderá trazer resultados
na formação de novos letrados.
As autoras relatam que diante dos
problemas em relação ao letramento, deve-se levar em conta aos aspectos
culturais, a forma que se desenvolveu as “diferentes” sociedades com uma mesma
língua padrão. O Brasil possui várias regiões com aspectos distintos, com uma
variação cultural diferenciada. Por isso, deve-se levar em conta o local onde o
indivíduo está inserido, a sua condição socioeconômica. Aqui, precisa-se
lembrar o contexto histórico-social, da falta de estrutura para acomodar a
sociedade no ensino escolar, dos problemas relacionados aos altos índices de
analfabetismo, evasão escolar e reprovação.
Observa-se a necessidade de leitura
nos anos iniciais de estudos e durante o ensino básico. O discente aprende a
estruturar textos somente nas faculdades, sem falar numa linguagem escrita com
uma ortografia “carente”, pouco desenvolvida. Marinho cita que às vezes o aluno
poderá ter uma boa escrita, mas, dificuldades em estruturar textos. Por isso, o
meio acadêmico tenta desenvolver a ortografia de cada discente, tenta dar
claridade a uma boa escrita através da leitura e produção de textos, ou seja,
em atividades de moldar os gêneros. Cada formando teria vários motivos para
levar o seu aprendizado, lecionando o desenvolvimento da leitura e produção de
textos. Mas, parece que o docente fica retido ao livro didático, entrando na
mesma rotina que ele passou quando estudou durante o Ensino Fundamental ou
Médio.
No dizer de Grando, o conceito de
letramento é “amplo e complexo”. Usando as palavras de Tfouni (2010), a autora
relata que “letramento é um processo mais amplo que a alfabetização e que deve
ser compreendido como um processo sócio-histórico”. O professor precisa
conhecer um pouco das definições de letramento e procurar se adequar a alguns
conceitos. Para isso, precisa-se estudar as teorias dos grandes estudiosos do
assunto em questão, ampliando o seu conhecimento. Nesse sentido, Marinho relata
que a “experiência é algo constitutivo da prática”. Cada professor deve
conhecer as teorias, as formas de pensar dos estudiosos, porém, se esse
conhecimento não for aplicado no cotidiano, tudo irá se perdendo ao longo do
tempo.
Outro consenso entre as autoras, quando
explicam sobre o conhecimento da escrita versus a moldagem de gêneros textuais.
Segundo Marinho, “é possível ter um bom domínio da língua, mas ser inexperiente
na atividade de moldar os gêneros”. Nesse mesmo contexto, Grando diz o
seguinte: “uma vez que pessoas com alto nível de escolarização nem sempre
demonstram habilidade”. Para as autoras, letramento não está limitado apenas em
leitura e produção de textos. O aluno precisa adquirir conhecimentos,
argumentos próprios para poder opinar, interpretar a leitura e poder moldar
alguns gêneros textuais. Para isso, os alunos precisam aprender e seguir os
moldes de cada gênero textual.
Mais adiante, Grando utiliza-se da
seguinte citação: “a escolarização é fator decisivo na promoção do letramento
(SOARES, 2004, p. 99)”. A autora está se referindo a semelhança entre
escolarização e letramento. Através de uma determinada pesquisa, observou-se isso,
ou seja, quanto mais anos de escolarização, maior o nível de letramento. Porém,
muitos anos de escolarização não significa que o aluno seja letrado. Sabe-se a
realidade das escolas em termos de ensino-aprendizagem, existindo vários
fatores que poderão distanciar a relação entre escolarização e letramento.
Dessa forma, o discente poderá concluir o ensino básico com pouco conhecimento.
Para reparar esse défice trazido do ensino básico, Marinho diz que o meio
acadêmico poderá suprir a carência de leitura e escrita. O curso superior vai
qualificar o aluno, melhorando o seu desempenho linguístico, transformando o
aluno em um cidadão crítico, dando inteligibilidade no seu letramento. Mas,
será preciso certo investimento nessa área, para que o processo de
ensino-aprendizagem ganhe novas estruturas.
O letramento durante o ensino
básico tende a ser pior do que na graduação, devido a vários fatores que os
estudantes tendem a passar. Às vezes, a falta de instrução dos pais faz com que
o aluno não tenha a ajuda nos assuntos escolares. Por isso, quanto mais os pais
são instruídos, maior o desempenho do aluno em relação aos estudos. A
comunidade, o meio social em que o aluno está inserido, reflete diretamente na
condição de letramento.
Quando Grando diz que os
professores devem recorrer as várias teorias para melhorá conceito de
letramento, ela sugere uma base para dar sentido aos argumentos, para que as
palavras possam ter valorização, ou seja, não adianta escrever muito, o
importante é que as palavras tenham fundamentos. Uma coisa interessante nisso
tudo é que a pessoa não precisa saber ler e escrever para ser letrada. Nesse
caso, o letramento está relacionado ao conhecimento de cada pessoa. Mas, a
pessoa só poderá ser letrada quando ela sabe argumentar, quando ela sabe
criticar com palavras que tenham fundamentos independentemente da sua leitura
ou escrita. Aqui, vários exemplos para que as escolas não ensinem cidadãos “repetidores
de conhecimento”, porém, cidadão críticos, argumentadores, capaz de resenhar,
produzir artigos, resumos, dentre outros, expondo as suas opiniões de acordo
com o seu entendimento.
O discente necessita de uma boa
leitura e uma boa escrita, isso é fato. Concluindo o ensino básico com estes
dois itens, já será meio caminho andado. O âmbito acadêmico vai lapidar esse
conhecimento, ensinando a estruturar textos de acordo com algumas normas. Além
disso, vai ensinar o discente a ter argumentos próprios baseados num
referencial histórico. Para o aluno adquirir o conhecimento em relação a
produção de textos, vai depender da repetição de atividades, que deverão ser
avaliadas pelo professor, fazendo intervenções para que o aluno possa assimilar
o molde de cada gênero textual. Para a coisa funcionar, precisa-se de
interesses mútuos entre o docente versus discente. Caso uma das partes falte o
interesse, a coisa não progredirá.
As coisas poderão ser diferentes
quando existe um determinado entendimento. Não adianta fugir do padrão, querer
fazer as coisas sem o mínimo de conhecimento. Precisa-se arriscar, mas, da
forma correta. Quando as coisas não seguem um determinado padrão, a tendência
que falte o entendimento. O mesmo acontece com a escrita. Caso não houvesse um
padrão de textos, as escritas ficariam pouco entendidas, com dificuldades na
sua interpretação.
Resenhado por
Boa Tarde, Silvano! Que conteúdo magnífico, primeiramente parabéns pela construção do seu blog, que esta rico em conhecimentos. Muito interessante sua resenha, pois nos mostrar realmente como está o ensino aprendizagem hoje na nossa sociedade capitalista. A prática de letramento hoje deve ser mais estimulada, principalmente no ambiente familiar. Os textos de Marinho são sempre um show.
ResponderExcluirMais uma vez parabéns!
Vandilma farias
Letras/Português 2013.1
Polo Santana do Ipanema
UAB/IFAL.
A escrita é uma das mais antigas tecnologias que a humanidade possui, servindo a muitas finalidades, religiosas, sociais, políticas, culturas, e literárias. Sendo nesta visão um aspecto relevante na vida do ser humano. Nesta perspectiva o letramento surgiu da necessidade que o homem sentia de expressar pensamentos, sentimentos e suas ideias.
ResponderExcluir“Tanto a escrita quanto à leitura, consiste em atividades bastante intricada. Ler é uma atividade extremamente complexa e envolve problemas não só simpático, culturais, ideológicos, filosóficos, mas até fonéticos”. De acordo Cagliari (1994) p.149.
Neste conceito a escrita é um processo de construção de um saber construído. Ou seja, da sua trajetória de escolarização a criança adquiri métodos relevantes de construir e reconstruir hipóteses sobre a natureza e o funcionamento da linguagem escrita. Pois são muitos variados usos sociais da escrita e as competências a ela associada.
Jorginaldo Oliveira
IFAL
TURMA: 2013.1
LETRAS/PORTUGUÊS
POLO: SANTANA DO IPANEMA